Obesidade infantil, uma grande preocupação  

 

O número de crianças com excesso de peso nos Estados Unidos e em muitos países industrializados TRIPLICOU nas últimas duas décadas. A obesidade infantil passou a ser não só um problema de saúde pública como gerou outros fatores graves entre crianças e jovens: o desajuste social e distúrbios emocionais. No Brasil, de acordo com levantamento do IBGE, 10% das crianças e adolescentes têm sobrepeso e 7,3% (cerca de um milhão e meio de crianças e adolescentes) são obesas.


A genética é só um fator
Entre os americanos, os afro-descendentes são, ao lado dos latinos, os que apresentam maior índice de obesidade infantil. Em geral são as camadas de classe média baixa onde o maior lazer ainda é a farta mesa dos restaurantes de fast food. Não há dúvida que pais obesos tendem a gerar crianças obesas, seja por direta influência genética, seja por exemplo de "glutonice". Enquanto não deciframos os genes que nos empurram para a obesidade, melhor é prevenir.

Comida fácil e errada, em casa e nas escolas

Com o problema instalado é normal e compreensível que se busque os motivos, os culpados, a origem de tudo. Claro que a causa número 1 é o excesso de nutrição, principalmente aquela sob forma de comidas pré-preparadas, com excesso de gordura e muito carboidrato. Vivemos em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais, têm pouco ou nenhum tempo para supervisionar o preparo da alimentação e as refeições de seus filhos. Muitas crianças ficam "livres" para escolher alimentos fast food (pizza), fáceis de preparar (pipoca) e doces, bolos, chocolates, sorvetes, refrigerantes disponíveis na geladeira.

Na escola as guloseimas supercalóricas estão disponíveis na cantina, favorecendo a gulodice, entupindo a criança com salgadinhos, batata frita e embutidos gordurosos. Mesmo as crianças que têm o privilégio de receber em casa uma educação alimentar adequada dificilmente conseguem resistir ao apelo de experimentar o que a "turma" está comendo e bebendo. Imagine as que não têm supervisão dos pais?

A força da indústria de alimentos

Não é fácil resistir. Se os adultos já não conseguem, as crianças são vítimas ainda mais vulneráveis. As porções servidas aos pequenos fregueses em lanchonetes e cantinas são cada vez mais vistosas e atraentes, mas também são maiores e mais calóricas. A televisão tem uma força extraordinária neste campo: "Mãe compra estes salgadinhos! Olha, mãe, o hambúrguer com uma montanha de batatas fritas está em promoção" e por aí vai. No supermercado a criança se deslumbra com os chocolates da páscoa, com o panetone do Natal, com os novos tipos de sorvetes, com o enorme tamanho da barra de chocolate! Este assunto é tão sério que a ONG "Intenational Association for Study of Obesity" lançou uma campanha na União Européia para proibir anúncios atraentes de produtos que possam causar excesso de peso às crianças.

A falta de exercício físico e espaço para brincar

Todo adulto compara a infância do filho com o tempo em que ele próprio era criança. É comum fazer-se comparações do tipo: "No meu tempo de criança corríamos atrás da bola e dos balões, jogávamos bola na rua, andávamos de bicicleta pelo bairro, vivíamos praticando esportes". Hoje os jogos eletrônicos prendem a criança em casa. Elas ficam horas e horas jogando o hipnótico "game", comendo salgadinhos, batatas fritas e pipoca. Todos sabemos que o fato de passar horas na frente de uma televisão está diretamente relacionado com excesso de peso infantil.

Mas essa não é opção da criança. É uma característica da vida atual. O fato de parte substancial da população viver em espaços residenciais restritos, sem acesso a parques, sem praticar esportes nos clubes, sem andar pelas ruas, faz com que a criança se acostume com a inatividade.

Algo já está sendo feito, mas ainda é pouco

No Rio de Janeiro o prefeito proibiu que as crianças de Escolas Públicas tivessem acesso a alimentos "engordativos" substituindo-os por frutas, sucos naturais e preparações menos calóricas. Tal exemplo foi seguido por Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. É um bom começo e sem dúvida irá ajudar na prevenção à obesidade infantil. É preciso ainda que escolas, professores e programas educativos na televisão invistam em divulgar, de uma forma apropriada à idade, os princípios de Nutrição Saudável. A informação é um caminho eficiente também para os pequenos.

A responsabilidade das autoridades
Não podemos aceitar a prevalência de 16% das crianças com obesidade e que 31% estejam com excesso de peso. O esforço conjunto de autoridades escolares, o esclarecimento dos pais, a persuasão positiva do marketing de alimentos saudáveis aliados a campanha governamental contra a obesidade e a inatividade física irá levar a resultados lentos, mas positivos. Vale a pena lembrar que 50% dos adultos com obesidade foram crianças obesas. É por aqui que devemos começar a buscar soluções para a obesidade infantil.