Adoçantes: seguros e eficazes  

 

 

Desde que os médicos passaram a conhecer melhor o diabetes, doença que afeta o nível de açúcar no sangue, surgiu a necessidade de criar um produto capaz de adoçar a vida do paciente sem alterar a rigorosa dieta prescrita pelos médicos -- que, na época, não sabiam da existência da insulina ou de outros medicamentos que melhorassem o elevado teor de glicose na circulação. Em 1878, o químico Constantin Fahlberg, em Baltimore, nos EUA, descobriu a sacarina, extraída de carvão vegetal, que tinha a propriedade de adoçar líquidos e sólidos cerca de 300 vezes mais que o açúcar comum. Estável no cozimento de alimentos, a sacarina e logo passou a ser usada por diabéticos de todo o mundo. Portanto, o primeiro adoçante químico surgiu há mais de 140 anos. Como qualquer produto novo e de amplo uso, a sacarina passou a ser usada fora de sua função original -- em dietas hipocalóricas para perda de peso em pessoas com obesidade. Alguns anos mais tarde, o adoçante foi alvo de críticas: diziam que seria prejudicial à saúde.


Em 1907, a indústria do açúcar nos EUA pressionou o governo americano a investigar a relação entre sacarina e câncer. Nada foi comprovado e o uso da sacarina continuou em ascensão, principalmente durante as guerras mundiais, quando houve falta de açúcar no mercado. Ainda assim, os detratores da sacarina não desistiram. Em 1977, um estudo absurdo conduzido por pesquisadores de duvidosa capacitação científica colocou uma enorme quantidade de sacarina na bexiga de ratas grávidas. Ao nascimento, notou-se que alguns filhotes da ninhada tinham câncer de bexiga. Apesar do absurdo de tal experimentação, o uso de sacarina foi suspenso por nove anos. Finalmente, em 1986, o adoçante foi totalmente liberado. A sacarina é geralmente associada ao ciclamato, 40 vezes mais doce que o açúcar, para atenuar o sabor amargo. A mistura é conhecida como Sweet'n'Low nos EUA e como ZeroCal no Brasil.


Aspartame, um dos adoçantes mais usados (e combatidos)
O aspartame (com marcas como Equal, Nutrasweet e Canderel) é o ingrediente que adoça cerca de 6.000 produtos alimentícios e bebidas não-alcoólicas no mundo inteiro. Ele também está presente em suplementos vitamínicos, gomas de mascar, balas e confeitos. O produto é a soma de dois aminoácidos naturais: o ácido aspártico e a fenilalanina. Esses aminoácidos são amplamente encontrados na natureza, em carnes, aves, peixes, ovos e queijos. O aspartame é 180 vezes mais doce que o açúcar, não deixa sabor amargo e sua contribuição calórica é tão diminuta que nem precisa ser levada em conta. O sabor doce do aspartame é de longa duração e pode ser usado, com melhora no gosto, com outro adoçante chamado acesulfame-K. Não pode ser usado no cozimento de alimentos, pois suas ligações químicas se rompem. Várias acusações, todas infundadas, foram divulgadas contra o aspartame -- foi dito que causava câncer em animais de laboratórios. Recentemente, o fabricante do produto financiou, sem ser identificado, uma extensa investigação sobre efeitos colaterais do uso de aspartame. O relatório de mais de cem páginas, de autoria de um grupo de cientistas de dez universidades e escolas, foi publicado em setembro de 2007. A conclusão unânime foi de que o aspartame é seguro para uso humano nas quantidades usuais, sem ocorrência de efeitos neurológicos, carcinogênicos ou prejudiciais à saúde do ser humano.


Sucralose, obtida a partir da sacarose
O adoçante sucralose, conhecido como Splenda nos EUA e Europa e como Linea no mercado brasileiro, é sem dúvida uma das excelentes possibilidades para substituir o açúcar comum (sacarose) sem adição de calorias. Isso porque a sucralose tem gosto exatamente igual ao açúcar de cana, de onde, aliás, foi inicialmente obtido. Do ponto de vista químico, é uma triclorosacarose, ou seja, uma sacarose com cloro na molécula, que passa a ter poder edulcorante cerca de 600 vezes maior que o do açúcar comum. É muito estável sob ação do calor, o que permite uso no preparo de bolos, sobremesas, frutas em calda e outras delícias sem o "pecado" das calorias. Deve-se considerar, porém, que 0,5 grama da embalagem (cerca de 1 colher de chá, rasa) tem cerca de 2 calorias, pois o fabricante adiciona outros ingredientes (como dextrose e maltodextrina) para dar "volume" ao envelopinho. Mais de cem estudos científicos sobre a segurança da sucralose confirmaram que esse adoçante não apresenta efeitos tóxicos e carcinogênicos ou determina alterações metabólicas. Um fato interessante: a absorçào da sucralose no tubo gastrointestinal é de apenas 20%. O restante é excretado por vias naturais.


O adoçante herbal stevia e o novo acesulfame-K
Por muitos e muitos anos, tribos indígenas do sul do Brasil e da região das Missões Jesuítas na Argentina e no Paraguai usavam as folhas de stevia (Stevia rebaudiana) para fins medicinais e para adoçar o mate. Como substituto do açúcar, o sabor da Stevia é prolongado no paladar, sem aquele gostinho amargo no final. Tem cerca de 300 vezes a propriedade edulcorante do açúcar comum e logo foi adotado pelos "naturebas" como o adoçante mais natural. Mas não é bem assim. O Japão, sempre um pouco desconfiado dos adoçantes "made in USA", passou a cultivar a stevia em 1970, obtendo o produto ativo edulcorante que foi denominado "steriosideo". Até hoje, cerca de 40% dos produtos artificialmente adoçados no Japão contêm stevia como edulcorante. A China logo adotou a stevia e hoje é a maior exportadora do produto no mundo. Como não podia deixar de acontecer numa matéria tão polêmica, um estudo de 1985 apontou o extrato de stevia como possível carcinogênico -- o que logo foi desmentido. A stevia melhora a sensibilidade da ação da insulina e seria útil a diabéticos. Outro adoçante ganha destaque no momento: acesulfame-K. Trata-se de um sal do potássio com cerca de 200 vezes mais poder de adoçar que o açúcar. É muito pouco utilizado de forma isolada -- com freqüência, é misturado a outros edulcorantes, como o aspartame. Com a mistura, o resultado final é uma maior semelhança com o açúcar comum.

O consenso médico sobre adoçantes
O uso de substitutos de açúcar é extremamente útil para os milhões de diabéticos que temos no planeta. Tal providência nutricional economiza a preciosa insulina de que o diabético necessita para o metabolismo, mantém o nível calórico da dieta em valor mais baixo, permite a ingestão de doces dietéticos sem culpa e dá melhor qualidade de vida ao paciente. Por outro lado, a imensa população que sofre de obesidade e muitos que não desejam desenvolver excesso de peso usam o adoçante para reduzir o consumo calórico e apaziguar suas culpadas consciências. Essa atitude é considerada saudável -- pelos últimos estudos toxicológicos, parece que estamos utilizando produtos com adoçantes considerados seguros.